Ex-presidente considera a campanha uma anomalia, pois o adversário usa abertamente o governo para tentar ganhar votos

Foto: Ricardo Struket.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o uso da máquina pública por Jair Bolsonaro nestas eleições. E chamou de anomalia a realidade da campanha eleitoral no Brasil. "Nós estamos fazendo uma campanha numa certa anomalia, porque nós temos um cidadão que está exercendo a Presidência e que ele está utilizando a máquina do governo para fazer campanha", apontou Lula, durante entrevista coletiva neste sábado (08/10), em Campinas (SP).

O ex-presidente ressaltou que o uso da máquina por Bolsonaro é o mais grave entre todos os presidentes da República, desde 1889. "Eu estava analisando desde Marechal Deodoro da Fonseca, em 1889, até agora, todos os presidentes juntos. Ninguém utilizou a máquina 10% do que ele tá utilizando".

Lula comparou com o período em que era presidente da República, em 2006, e disputou a reeleição. "Quando eu era presidente da República, que eu fui candidato à reeleição, a gente só saía para fazer campanha após as seis da tarde. Durante o dia a gente tinha que exercer a nossa função principal que era presidir o país", disse. "A gente não podia fazer acordo com prefeito, a gente não podia anunciar dinheiro, não podia anunciar plano. Ele está fazendo tudo. Ele está agindo como se o Brasil fosse uma coisa particular dele, em que ele faz e desfaz do jeito que ele quer, na medida em que ele tenta ganhar voto", criticou.

Condenações
O uso da máquina pública por Bolsonaro já resultou duas condenações pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE): a celebração do 7 de setembro e o discurso na Assembleia Geral da ONU.

Bolsonaro e Walter Braga Netto foram impedidos de veicular todo e qualquer material de propaganda eleitoral relacionado ao 7 de setembro. A proibição atingiu todas as imagens do presidente capturadas durante os eventos oficiais, sob pena de multa. A decisão proibiu Bolsonaro de produzir novos materiais que explorassem as mesmas imagens.

Sobre o discurso na ONU, o ministro do TSE Benedito Gonçalves reconheceu o uso indevido e determinou a remoção de conteúdos de propaganda, divulgados nas redes sociais de Bolsonaro. Além disso, impôs multa caso as redes sociais TikTok, Twitter, Facebook e YouTube não cumprissem a determinação em 24 horas.